Divulgado com entusiasmo e ufanismo pelo governo brasileiro e por jornais que fazem parte da grande mídia brasileira, o novo fluxo de imigrantes europeus para o Brasil já é uma realidade. No entanto a seguinte pergunta nos intriga, a nós brasileiros: Por que não reformar o nosso sucateado sistema educacional para que o cidadão brasileiro possa competir de igual para igual com o estrangeiro?
Pergunta essa, que eu me fiz ao me deparar com tal iniciativa completamente equivocada dos nossos governantes, já que apesar da sua qualificação a atual mão de obra europeia não é estável e não tem interesse em permanecer no Brasil, após o fim da crise do bloco europeu. Além disso, a política imigratória brasileira coordenada pela Secretaria de Assuntos Estrangeiros (SAE) é discriminatória, pois segundo Ricardo Paes Barros, economista e coordenador do projeto irá ocorrer um processo chamado de “imigração seletiva”, ou seja, um eufemismo utilizado para mascarar a não concessão de vistos, a estrangeiros sem qualificação ou de países pobres, que iludidos com a onda de “prosperidade” no Brasil poderão vir a ser tornar candidatos a entrada no país.
O claro desinteresse e a falta de vontade política da atual elite no poder em preparar, a nossa população para as melhores vagas no mercado de trabalho é nítida e ao mesmo tempo preocupante, já que recorrendo a estratégias que demonstram dependência, essa mesma casta privilegiada é contraditória em seu próprio discurso ao defender que com a vinda do imigrante qualificado para o Brasil, haverá transferência de tecnologia, o que nos isentaria de produzir a nossa própria?
Por fim, a atual política, cujo objetivo central é a vinda de trabalhadores qualificados é contraproducente e um desserviço para o país e os seus cidadãos, pois o momento para qualificar, formar profissionais competitivos e reformar o sistema educacional desde a base (ensino fundamental e médio) ao ensino superior é agora, sem essas medidas continuaremos, a utilizar de métodos escusos para suprir a nossa crônica falta de mão de obra qualificada.
Por Ricardo Marinho(estudante de História da UERJ), leitor e colaborador do Observatório Crítico.