domingo, 9 de outubro de 2011

Retrato de um povo

Não somos uma capital decaída, mas uma cidade Libertada. Fomos é certo, abandonados,  os que daqui saíram sabem que o Rio é uma cidade onde ontem hoje e sempre estarão como em sua casa. Sabem estes Brasileiros que somos uma região sem regionalismos, pensamos nossos problemas em termos mundiais além de continentais, e continentais além de nacionais.
Somos um povo sem rancores, cuja alegria nada consegue destruir, cuja esperança ninguém esmorece, cuja bravura ninguém domou, cuja fibra ninguém destroçou, cujo entusiasmo NINGUÉM abateu. Somos o povo que rechaçou o invasor e a aliança dos nativos com ele.(...) Somos um povo carnavalesco, mas um povo sofrido; um povo de sambas e de reações profundas; Somos um povo com senso de humor e com repentes de ira sagrada. Somos um povo impetuoso e generoso capaz de indisciplina e de indocilidade; povo que não gosta de se curvar mas se inclina diante da beleza (...)
Aqui até os mais pobres moram de rosto voltado para a maravilha da natureza, que a incúria dos governos ainda não conseguiram desfigurar.
Muitas desgraças nos desfiguraram, muitas cicatrizes marcam a cidade, abertas, escandalosas, de sinais de tragédia e sombras de martírio. NÃO É POR ACASO QUE O PADROEIRO DA CIDADE É UM MÁRTIR CRIVADO DE FLECHAS. Pensaram que nos abandonando interiorizavam a civilização, mas foi aqui que a deixaram. Porque somos a síntese do Brasil, somos a porta do Brasil para o mundo, e somos do mundo, a vera imagem que ele faz de nós.


Carlos Frederico Werneck Lacerda (1960)

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